segunda-feira, outubro 11

Eu poesia.

         A poesia que se esconde em meu ser é invisível aos olhos. Ela toda, concreta, sólida, absoluta, não está presente em mim.
         A poesia, dita por si só, mistura-se em meus cabelos, em minhas mãos, em meus pés, em meus olhos, em minha voz.
         Prezo em ser tudo aquilo que faz bem e percorre com serenidade.
         Vivo em tentativa de me tornar somente arte.
         Ser sensível mesmo em momentos de instabilidade.
         Voar. Pássaro em meio ao debater dos ventos.
          Deixar que a vida leve-me, leve como as folhas que se deixam levar.



      

sexta-feira, agosto 20

Diário

Falar dos corpos
Revelar nossos
Delírios de menina
Parece aquilo
Que o alheio
Sempre diz saber
Mas sei que vigora
O nosso amor
Melhora
Nosso sabor
Se torna
O que ninguém jamais sentiu.

sexta-feira, julho 23

A insustentável leveza do ser

Vivo o peso das minhas pálpebras. Vivo o tormento dos meu olhos. O dano do meu choro.
Vivo a incompreensão do ser humano, a dor da perseguição.

Deparo-me ao obstáculo verdadeiro em minha vida. Eu, que almejo tanto o meu real, enfim, encontrei-o. E agora posso aclamar: dói.
Dói no rosto, é intensamente preciso nos olhos.
A garganta é alvo de tormento e ardor.
A boca serve de objeto para inquietudes e agonia.
O nariz expulsa o ar.
Os olhos, os olhos são involuntáros. Não respondem ao comando de se manterem ativos e abertos. Apenas carregam o fardo do "fim de mundo".
Tudo se resume a infinita sensação de estar sem chão.
Somente o que me compreende nesse momento são palavras de Milan Kundera:

"Mas, na verdade, será atroz o peso e bela a leveza?
O mais pesado fardo que nos esmaga, nos faz dobrar sob os séculos é, portanto, a imagem da mais intensa realização vital. Quando mais pesado o fardo, mais próxima da terra está a nossa vida, e mais ela é real e verdadeira"

terça-feira, julho 20

Eu continuo em mim, somente.

Reconheço todos aqueles que carregam o mundo individual para todos os cantos, recantos, encantos do mundo.
Minha tentativa permanece ativa e completa, nem sempre efetiva.
Esses momentos de poucos pensamentos, poucas sensações e projeções são importantes para o recomeço. O início de uma nova página - presa ao meu corpo - na qual somente minha minha poesia e meu espírito são objetos de leitura.
Estou dentro de mim nesse momento.

quarta-feira, junho 23

Eu finjo ter paciência.

Os jovens crescem, os jovens encaram a vida, os jovens percebem a imensidão.
Escrever a realidade do momento é permanecer real no mesmo. O que passa também é realidade.
Oras, eu me perco.
Despenco quando não estou dentro de mim e quando não respeito minha individualidade. Ser individual é método para viver.
Ser de si é remédio para não morrer.
E o corpo pede um pouco mais de alma.

O mundo cobra o acerto do homem. O erro é culpa. Entretando, digo: o fundo do poço é liberdade, entendem? Ninguém nunca o permite. Eu permito. Ou, ao menos, quero permitir com almejo de simplesmente entender o material que o compõe, o limite de profundidade, tudo é necessário.

E, depois, subir.

sábado, junho 5

A resposta é

A resposta é ser indiferente? É ser desapegada, pouco interessada e cada vez menos sensível? Não sei, eu não passo disso. Vou sumir.
Às vezes é necessário ser telespectador dos atos realizados, quem sabe tudo se resolve por fenômeno da natureza.
O meu problema é a sensibilidade exacerbada. Percebo que, a cada momento, assusto o meu corpo. Concluo que, agora a história não precisa ser contada por mim, muito menos ter vivida por mim.

domingo, maio 30

E desses livros ultraromânticos...

Antes de relatar aqui o que tenho em mente, escrevo todas as letrinhas no meu corpo.
E hoje eu vim admitir. Sim, admitir. Não o faço para mim e tampouco para o mundo a meu redor há muito tempo.
Acabei de chegar de um espaço maravilhoso, cercado de natureza, céu, lua, frio, vento no rosto e lindas paisagens. Fui por mim, para apreciar a poesia do mundo que muito faltava no meu espírito. Fui porque o coração doía, a carne já caminhava sem esperança e quis revitalizar-me.
Se eu consegui ou não, não sei, pouco me importa saber agora.
Cheguei aqui, a casa vazia, somente o crepúsculo no céu e o vizinho que ouve agora minha confortante Cássia Eller, música "Nós" que tanto me enche a alma (começa agora Milagreiro com a enquadradíssima participação de meu adorado Djavan). "E diz que a vida é feita de ilusão". E ponho aqui meus pensamentos, sem interferências ou cuidados estéticos. Vou deixando fluir...
O coração não dói agora. Só há aquele fim de desconforto que se tem no fim de uma doença ou mesmo de uma bela ressaca. Nem eu sei se doerá mais.
Acho que me inspirei com Álvares de Azevedo e seus romances tenebrosos que me fascinam ao mesmo tempo que acabam comigo.
E eu... em mim, quieta, sem dar rastro para o mundo, vivendo pela vida e caindo a cada fim. Desdobrando-me em dar, dar, dar meu amor, minha essência, tentando encontrar o motivo para acelerar o coração. E me joguei no mar de C. (só para deixar claro: tento fazer com que minha mente entenda que C. não foi tão importante assim, mas as lindas paisagens as quais me deliciei esse fim de semana disseram-me o contrário). E para dar fim nesse aperto, resolvo escrever aqui, admitir logo de uma vez que o amor importa sim e o que passou foi lindo. E que o sofrer existe.. viva-o!
É que o outro é sempre tão bonito e os "eus" me fascinam mais e mais. Eu encotro este "eu" e vivo-o intensamente. Sinto cada beijo e os longos abraços que fazem-me palpitar. Eu concedo meus movimentos, eu sinto o nosso calor, eu sinto nossa proteção, nossa cadência. E, de repente, "puf".
Chego aqui, na escuridão dessa casa sem nenhum motivo para me alegrar. Sim, minha querida, sem motivo. Sem fingimentos.
E agora nada existe. Porque o "eu" que encontrei e vivi parece não fazer mais parte desse mundo. Agora seu olhar vazio prova a mim que ele flutua no espaço, em outras órbitas. E nem sua presença eu posso sentir mais.

quarta-feira, maio 19

C.

Joguei-me no mar
Sem saber o destino que ele haveria de proporcionar
Joguei-me porque
A vontade de sentir
Superou o medo de me perder

E eu conheci as águas gélidas
Que vaporizavam na minha epiderme
Quente, calorosa
Esperando que o mar atenuasse a sensação
De estar sem chão

E ele veio até mim
Carregando-me em ondas sinuosas

Ora cima, ora baixo
Sempre adentro

Ora cálido, ora brando
Sempre ardente

sexta-feira, abril 30

Qualquer coisa que se sinta.

Tens ciência daqueles dias de doença em que é de tua obrigação permanecer em silêncio? Principalmente quando tua voz está afetada, sem retorno.
Pois então. É fascinante.
Não encarar a vida com a realidade que ela necessita, sair de órbita. Acomodar-se dentro do corpo que a febre sacrifica. Olhos quentes, o cobertor que aquece o frio, a pele que se transforma em brasa. Queima.
Levanta-se, despeja a água que contatua com a pele - choque.
Derrama-se no cheiro da mãe e busca alguma poesia para abrandar. Poesia harmônica ou não. Ritmada ou não. Almejo de encontrar alguma brisa para atenuar o calor que sobe, sobe.

sexta-feira, abril 23

Para eu descansar.

Está tudo bem
Vou proseando junto aos meus encantos
Está tudo certo
Eu vou fazendo os versos dos meus caminhos
Idealizando as palavras da minha história
Vou arrastando
A poesia para abrandar a minha vida
Trazendo o belo para dentro da ferida
Quem sabe assim
O coração descansa de uma vez
Quem sabe assim
O coração escolhe o que viver

Aos poucos crio asas
Pensando em voar
Para o que sinto ser bom
Acho-me em frases mescladas
Em melodias
De singelas canções
Canções com sentimentos
Feitas para acalmar
O meu coração

Não perco o encanto
Estou sempre a lutar
Para alcançar meu tom
Almejo o meu destino, enriqueço o meu sonhar
Vivo o que sinto.


Música de minha autoria, "Para Dan descansar", dessa vez, Para Bruna descansar.

domingo, abril 4

Também é ser deixar de ser assim.

Árduo. Duro. Avassalador.
O que é ser, afinal?
Sinto que tirei de mim durante quatro dias todas as letrinhas do meu livro. Durante um certo período de tempo minha obra permaneceu vazia. Impressionante, foi.
Algo menos poético, talvez. Ou até poético demais. Apenas lembro-me de luzes, de sons, de dores, de alegrias arrastadas e muito sentidas. Sei que foi uma época de extremos.
Sinto que faço parte de um filme. E o diretor é um neurótico por perseguição. Tenho a impressão de que alguém observa, analisa o meu subjetivo e comanda tudo o que deve ser feito. Apenas para que eu continue a ser amada, amante, poesia, prosa, engraçada, feliz, sociável, sensível.
Mas eu digo que pare. Pare agora mesmo. Isso tudo me parece um tanto automático.
Me deixe ser diferente do que é "belo" também. Viver o real é de maior relevância agora. E me deixe ser oposto de "aceitável", se isso é ser Bruna.

Essa noite, pensando em tudo o que rodeava o meu corpo e os meus movimentos, criei uma imagem.
Estava eu perplexa, sem poder movimentar o corpo, a mente ou sentir a pele, demasiadamente dormentes. O dia clareava, mas não refletia a luz que se encaminhava para o escuro. De repente encontro minha alma sentada na beira de um rio com uma lanterninha a iluminar todas as letras perdidas do meu livro.

quinta-feira, março 25

Vilarejo.

O relógio que dá corda. A minha vida que não.
O tempo pára. Eu fico estagnada. Minhas poesias, meu encantos, meu fascínio, não sei onde se escondem. Sinto que me perco nesse mundo. Esqueço-me no quarto de manhã assim que o sol raia e, como de costume, levanto para cumprir a minha rotina.
Cadê? Some? Onde?
Eu. As pessoas. Não sou eu.
Caso se depare à Bruna, não te dou concreta certeza de que é com ela que estará. Pois o meu silêncio é o que me faz. E a cidade não me concede essa brisa.
E para acalmar o coração, só onde areja vento bom.

segunda-feira, março 22

Porque meu coração dispara com o cheiro de um livro, da noite veloz

Não tens piedade da flor que cheiras?
Não sabes o quanto que suga sua croma, que já desgasta está
Apalpa a flor, sente sua textura
Essa violeta que, com gosto e delicadeza, acalma tuas feridas
Esse ser que corre para as tuas mãos só para sentir tua carícia
Não tens dó nem compaixão
Apenas saboreia
Saboreia porque sabes que não hesita em deixar-te degustar
Com a esperança ínfima de ser pouco mais que mera violeta

domingo, março 21

Minha dor foi linda.

Eu, passeando em pensamentos anteriores, vasculhando as antigas gavetinhas das minhas lembranças, deparei-me a uma dor. Uma dor antiga, uma dor passada, ardida. E encontrei também os seus reflexos.

"Se o espaço enquadrar o belo, estou em pertinência. Minha dor é linda.
No que transpareço o que há dentro de meu ser, logo me vem ao pensamento um medo gigante de falar. Desses de criança, desses infantis.

Amor tenta dizer, mas não consegue. Realmente, teme a resposta. Lamenta a falta do seu. Procura não sucumbir esse sentimento tão precioso. Esse início de saber como se ama.
Entra, conhece o quartinho da paixão, parece ser tão o que dizem. É clichê, mas é real. E é isso que mesmo importa."

Reflexos de minha autoria. Que refletem uma dor bem sentida. Hoje dou uma risada gostosa e apenas contemplo minha antiga dor. Que continua em sua forma mais poética.

quinta-feira, março 4

Apresento.

        A paisagem esfumaçada pela neblina que cobre com delicadeza cada pedaço de natureza ao mesmo tempo que desenha meu rosto.

       Momento em que as reflexões se tornam muito claras e que as experiências da vida finalmente parecem possuir algum tipo de conexão. Relato, em primórdia, que sou apenas uma menina. Uma menina que aprecia o escrever, mas escreve o que lhe convém e da forma lhe enquadra. E busca o real motivo de querer expôr seus rastros de existência. Questiona-se em relação  ao objetivo de condensar seus sentimentos em letrinhas tão simplórias assim. O que realmente quer com isso?
       Meu desejo e obsessão por poetizar minha vida, minha vontade de ser bela de alma, enfim, tudo o que almejo faz de mim um ser desesperado, aflito e intenso. Entretanto, meu desespero faz papel de conforto e minha aflição também pode nomear-se serenidade. Quero mais é sentir. Quero mais é silenciar. É bom lidar com o mundo, é bom conhecer e explorar. Melhor ainda é realizar tudo isso sabendo que o meu silêncio, meu corpo e meus movimentos estarão comigo sempre que precisar de aconchego.
      Esse discurso em primeira pessoa pode parecer egocêntrico mas, apesar de sempre pecar nas dissertações, conheço também as segundas e terceiras. E essas mesmas estão presentes em muitos momentos da minha estrada.