domingo, abril 4

Também é ser deixar de ser assim.

Árduo. Duro. Avassalador.
O que é ser, afinal?
Sinto que tirei de mim durante quatro dias todas as letrinhas do meu livro. Durante um certo período de tempo minha obra permaneceu vazia. Impressionante, foi.
Algo menos poético, talvez. Ou até poético demais. Apenas lembro-me de luzes, de sons, de dores, de alegrias arrastadas e muito sentidas. Sei que foi uma época de extremos.
Sinto que faço parte de um filme. E o diretor é um neurótico por perseguição. Tenho a impressão de que alguém observa, analisa o meu subjetivo e comanda tudo o que deve ser feito. Apenas para que eu continue a ser amada, amante, poesia, prosa, engraçada, feliz, sociável, sensível.
Mas eu digo que pare. Pare agora mesmo. Isso tudo me parece um tanto automático.
Me deixe ser diferente do que é "belo" também. Viver o real é de maior relevância agora. E me deixe ser oposto de "aceitável", se isso é ser Bruna.

Essa noite, pensando em tudo o que rodeava o meu corpo e os meus movimentos, criei uma imagem.
Estava eu perplexa, sem poder movimentar o corpo, a mente ou sentir a pele, demasiadamente dormentes. O dia clareava, mas não refletia a luz que se encaminhava para o escuro. De repente encontro minha alma sentada na beira de um rio com uma lanterninha a iluminar todas as letras perdidas do meu livro.

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