quinta-feira, março 25

Vilarejo.

O relógio que dá corda. A minha vida que não.
O tempo pára. Eu fico estagnada. Minhas poesias, meu encantos, meu fascínio, não sei onde se escondem. Sinto que me perco nesse mundo. Esqueço-me no quarto de manhã assim que o sol raia e, como de costume, levanto para cumprir a minha rotina.
Cadê? Some? Onde?
Eu. As pessoas. Não sou eu.
Caso se depare à Bruna, não te dou concreta certeza de que é com ela que estará. Pois o meu silêncio é o que me faz. E a cidade não me concede essa brisa.
E para acalmar o coração, só onde areja vento bom.

segunda-feira, março 22

Porque meu coração dispara com o cheiro de um livro, da noite veloz

Não tens piedade da flor que cheiras?
Não sabes o quanto que suga sua croma, que já desgasta está
Apalpa a flor, sente sua textura
Essa violeta que, com gosto e delicadeza, acalma tuas feridas
Esse ser que corre para as tuas mãos só para sentir tua carícia
Não tens dó nem compaixão
Apenas saboreia
Saboreia porque sabes que não hesita em deixar-te degustar
Com a esperança ínfima de ser pouco mais que mera violeta

domingo, março 21

Minha dor foi linda.

Eu, passeando em pensamentos anteriores, vasculhando as antigas gavetinhas das minhas lembranças, deparei-me a uma dor. Uma dor antiga, uma dor passada, ardida. E encontrei também os seus reflexos.

"Se o espaço enquadrar o belo, estou em pertinência. Minha dor é linda.
No que transpareço o que há dentro de meu ser, logo me vem ao pensamento um medo gigante de falar. Desses de criança, desses infantis.

Amor tenta dizer, mas não consegue. Realmente, teme a resposta. Lamenta a falta do seu. Procura não sucumbir esse sentimento tão precioso. Esse início de saber como se ama.
Entra, conhece o quartinho da paixão, parece ser tão o que dizem. É clichê, mas é real. E é isso que mesmo importa."

Reflexos de minha autoria. Que refletem uma dor bem sentida. Hoje dou uma risada gostosa e apenas contemplo minha antiga dor. Que continua em sua forma mais poética.

quinta-feira, março 4

Apresento.

        A paisagem esfumaçada pela neblina que cobre com delicadeza cada pedaço de natureza ao mesmo tempo que desenha meu rosto.

       Momento em que as reflexões se tornam muito claras e que as experiências da vida finalmente parecem possuir algum tipo de conexão. Relato, em primórdia, que sou apenas uma menina. Uma menina que aprecia o escrever, mas escreve o que lhe convém e da forma lhe enquadra. E busca o real motivo de querer expôr seus rastros de existência. Questiona-se em relação  ao objetivo de condensar seus sentimentos em letrinhas tão simplórias assim. O que realmente quer com isso?
       Meu desejo e obsessão por poetizar minha vida, minha vontade de ser bela de alma, enfim, tudo o que almejo faz de mim um ser desesperado, aflito e intenso. Entretanto, meu desespero faz papel de conforto e minha aflição também pode nomear-se serenidade. Quero mais é sentir. Quero mais é silenciar. É bom lidar com o mundo, é bom conhecer e explorar. Melhor ainda é realizar tudo isso sabendo que o meu silêncio, meu corpo e meus movimentos estarão comigo sempre que precisar de aconchego.
      Esse discurso em primeira pessoa pode parecer egocêntrico mas, apesar de sempre pecar nas dissertações, conheço também as segundas e terceiras. E essas mesmas estão presentes em muitos momentos da minha estrada.