sexta-feira, abril 30

Qualquer coisa que se sinta.

Tens ciência daqueles dias de doença em que é de tua obrigação permanecer em silêncio? Principalmente quando tua voz está afetada, sem retorno.
Pois então. É fascinante.
Não encarar a vida com a realidade que ela necessita, sair de órbita. Acomodar-se dentro do corpo que a febre sacrifica. Olhos quentes, o cobertor que aquece o frio, a pele que se transforma em brasa. Queima.
Levanta-se, despeja a água que contatua com a pele - choque.
Derrama-se no cheiro da mãe e busca alguma poesia para abrandar. Poesia harmônica ou não. Ritmada ou não. Almejo de encontrar alguma brisa para atenuar o calor que sobe, sobe.

sexta-feira, abril 23

Para eu descansar.

Está tudo bem
Vou proseando junto aos meus encantos
Está tudo certo
Eu vou fazendo os versos dos meus caminhos
Idealizando as palavras da minha história
Vou arrastando
A poesia para abrandar a minha vida
Trazendo o belo para dentro da ferida
Quem sabe assim
O coração descansa de uma vez
Quem sabe assim
O coração escolhe o que viver

Aos poucos crio asas
Pensando em voar
Para o que sinto ser bom
Acho-me em frases mescladas
Em melodias
De singelas canções
Canções com sentimentos
Feitas para acalmar
O meu coração

Não perco o encanto
Estou sempre a lutar
Para alcançar meu tom
Almejo o meu destino, enriqueço o meu sonhar
Vivo o que sinto.


Música de minha autoria, "Para Dan descansar", dessa vez, Para Bruna descansar.

domingo, abril 4

Também é ser deixar de ser assim.

Árduo. Duro. Avassalador.
O que é ser, afinal?
Sinto que tirei de mim durante quatro dias todas as letrinhas do meu livro. Durante um certo período de tempo minha obra permaneceu vazia. Impressionante, foi.
Algo menos poético, talvez. Ou até poético demais. Apenas lembro-me de luzes, de sons, de dores, de alegrias arrastadas e muito sentidas. Sei que foi uma época de extremos.
Sinto que faço parte de um filme. E o diretor é um neurótico por perseguição. Tenho a impressão de que alguém observa, analisa o meu subjetivo e comanda tudo o que deve ser feito. Apenas para que eu continue a ser amada, amante, poesia, prosa, engraçada, feliz, sociável, sensível.
Mas eu digo que pare. Pare agora mesmo. Isso tudo me parece um tanto automático.
Me deixe ser diferente do que é "belo" também. Viver o real é de maior relevância agora. E me deixe ser oposto de "aceitável", se isso é ser Bruna.

Essa noite, pensando em tudo o que rodeava o meu corpo e os meus movimentos, criei uma imagem.
Estava eu perplexa, sem poder movimentar o corpo, a mente ou sentir a pele, demasiadamente dormentes. O dia clareava, mas não refletia a luz que se encaminhava para o escuro. De repente encontro minha alma sentada na beira de um rio com uma lanterninha a iluminar todas as letras perdidas do meu livro.