quarta-feira, junho 25

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Hoje, com algumas bagagens já adquiridas, tento ter forças para me desintegrar do peso que sinto em todo o meu corpo, do entulho que parece ter se apossado de mim, da carga que repousa sobre as minhas pálpebras. Tento me desviar dos buracos negros que podem me sugar durante o caminho...Tento apenas seguir a estrada para a luz.

Sinto que me perdi em um certo momento da trilha. Não sei qual foi o espaço de tempo que me fez mergulhar no vazio. E o pior. Estando em inadimplência com o meu espírito, nem chance tenho para reviver a minha arte. Porque, sinto me informar, preciso do mínimo de integridade para cantar meu som, escrever minha alma e construir meus sonhos.

Definitivamente, preciso dar uma bronca em mim mesma. Aquele puxão de orelha que só mãe dá em tempo ruim. Ta errada, meu bem. Ta fazendo andar para trás. E para que voltar no tempo?

Feriu, doeu, passou remédio, precisa agora criar pele de novo. Precisa focar em uma meta, e não deixar nenhum “encanto” do mundo te desviar do teu objetivo.
Hoje, qual o sonho que te faz existir?

Desejo cuidar da minha saúde, piscar meus olhos com carinho para ver o mundo, perceber cada movimento da minha mão que atua no universo. Cada palavra que ressoa de mim é meu rastro de existência, é meu desenho feito no lado de fora. É preciso cuidar dessas palavras.

Desejo cuidar do meu som, da minha música. Trabalhar em meu mundo de arte, produzir, soar inspiração e atividade. Tudo isso com os olhos caídos de serenidade.

Desejo ter fé na caminhada, mesmo que o final não faça parte da minha consciência, mesmo que os resultados não sejam imediatos, mesmo que eu tenho que fazer meu coração desacelerar para bater de acordo com os minutos do tempo.

E há tanto tempo que já me imploro tudo isso. Já não está em hora? Me sinto merecedora de cada presente de Deus. De cada benção do universo. Melhor, mereço me amar tanto a ponto de conseguir realizar qualquer mudança. Eu posso olhar para mim e sentir graça disso tudo.

Dessa vez, é uma nova vez, meu amor.