quinta-feira, junho 9

Cais.

Como demonstrar minhas fragilidades para um mundo que se mostra tão forte? A saída é sentir o escrever da palavra. Sinto tudo, gosto de sentir - do início ao fim.
Como compartilhar esse turbilhão de letrinhas que se confundem em meu corpo? Prefiro eu conversar com as árvores, o silêncio me entende melhor. Afinal, é de não-som que vive o meu corpo.
A não sonoridade não significa a falta de música, é apenas a liberdade de sentir. Tudo o que me atrai a angústia é a prisão que me concede o alheio e, ainda mais, a incapacidade que sinto de deter esse aperto. Como pode haver vento em uma esfera que tanto me reprime? Se esse vento ao menos carregasse o peso da verdade... Se o sopro anestesiasse o ardor da vida de todo o ser humano...
Mas a jaula é mais pesada e a chama, intensa.
Estou presa em mim mesma. E isso é uma escolha.
Levantar a cabeça e olhar o mundo.