quinta-feira, junho 9

Cais.

Como demonstrar minhas fragilidades para um mundo que se mostra tão forte? A saída é sentir o escrever da palavra. Sinto tudo, gosto de sentir - do início ao fim.
Como compartilhar esse turbilhão de letrinhas que se confundem em meu corpo? Prefiro eu conversar com as árvores, o silêncio me entende melhor. Afinal, é de não-som que vive o meu corpo.
A não sonoridade não significa a falta de música, é apenas a liberdade de sentir. Tudo o que me atrai a angústia é a prisão que me concede o alheio e, ainda mais, a incapacidade que sinto de deter esse aperto. Como pode haver vento em uma esfera que tanto me reprime? Se esse vento ao menos carregasse o peso da verdade... Se o sopro anestesiasse o ardor da vida de todo o ser humano...
Mas a jaula é mais pesada e a chama, intensa.
Estou presa em mim mesma. E isso é uma escolha.
Levantar a cabeça e olhar o mundo.

domingo, abril 24

Para que renovar meu mundo eu possa.

Juro que sou de verdade.
Mas como me posso ser constante se sou apenas o desenho da ventania?
Assim é pedir demais.
Nada posso fazer. Não comando a dança dos ares.
Muito menos conheço o destino das formas.
                

terça-feira, janeiro 4

Coração Criança.

Para trazer o fim do amor que ainda vive
E desfazer enfim o sentimento que existe
Tratar de vez o coração
Que persiste em bater
Para de impulso
Me levar
Até você

Largar de vez dessa mania de te respirar
E inalar teu CO2 sem ao menos cogitar
Que esse ar pode trazer
Recordações
Que meu sentir não quer lembrar
Ou se entorpecer

Eu preparo essa canção
Para declarar
Que o amor é imaginação
E que o sentido é criação
E se fora construído pela mente
Por meio dela
Poderá
Se desmentir

E por contradição
Digo a mim
Que nossas pupilas
Fixas estão
E o nosso olhar ignora
Qualquer desvio de sua carícia

Trago ao meu viver
A imprudência mais linda da vida
O paradoxo mais coerente
Sou tão sua
E minha somente