domingo, maio 30

E desses livros ultraromânticos...

Antes de relatar aqui o que tenho em mente, escrevo todas as letrinhas no meu corpo.
E hoje eu vim admitir. Sim, admitir. Não o faço para mim e tampouco para o mundo a meu redor há muito tempo.
Acabei de chegar de um espaço maravilhoso, cercado de natureza, céu, lua, frio, vento no rosto e lindas paisagens. Fui por mim, para apreciar a poesia do mundo que muito faltava no meu espírito. Fui porque o coração doía, a carne já caminhava sem esperança e quis revitalizar-me.
Se eu consegui ou não, não sei, pouco me importa saber agora.
Cheguei aqui, a casa vazia, somente o crepúsculo no céu e o vizinho que ouve agora minha confortante Cássia Eller, música "Nós" que tanto me enche a alma (começa agora Milagreiro com a enquadradíssima participação de meu adorado Djavan). "E diz que a vida é feita de ilusão". E ponho aqui meus pensamentos, sem interferências ou cuidados estéticos. Vou deixando fluir...
O coração não dói agora. Só há aquele fim de desconforto que se tem no fim de uma doença ou mesmo de uma bela ressaca. Nem eu sei se doerá mais.
Acho que me inspirei com Álvares de Azevedo e seus romances tenebrosos que me fascinam ao mesmo tempo que acabam comigo.
E eu... em mim, quieta, sem dar rastro para o mundo, vivendo pela vida e caindo a cada fim. Desdobrando-me em dar, dar, dar meu amor, minha essência, tentando encontrar o motivo para acelerar o coração. E me joguei no mar de C. (só para deixar claro: tento fazer com que minha mente entenda que C. não foi tão importante assim, mas as lindas paisagens as quais me deliciei esse fim de semana disseram-me o contrário). E para dar fim nesse aperto, resolvo escrever aqui, admitir logo de uma vez que o amor importa sim e o que passou foi lindo. E que o sofrer existe.. viva-o!
É que o outro é sempre tão bonito e os "eus" me fascinam mais e mais. Eu encotro este "eu" e vivo-o intensamente. Sinto cada beijo e os longos abraços que fazem-me palpitar. Eu concedo meus movimentos, eu sinto o nosso calor, eu sinto nossa proteção, nossa cadência. E, de repente, "puf".
Chego aqui, na escuridão dessa casa sem nenhum motivo para me alegrar. Sim, minha querida, sem motivo. Sem fingimentos.
E agora nada existe. Porque o "eu" que encontrei e vivi parece não fazer mais parte desse mundo. Agora seu olhar vazio prova a mim que ele flutua no espaço, em outras órbitas. E nem sua presença eu posso sentir mais.

quarta-feira, maio 19

C.

Joguei-me no mar
Sem saber o destino que ele haveria de proporcionar
Joguei-me porque
A vontade de sentir
Superou o medo de me perder

E eu conheci as águas gélidas
Que vaporizavam na minha epiderme
Quente, calorosa
Esperando que o mar atenuasse a sensação
De estar sem chão

E ele veio até mim
Carregando-me em ondas sinuosas

Ora cima, ora baixo
Sempre adentro

Ora cálido, ora brando
Sempre ardente